Comecemos por um silogismo aristotélico simples da mais Nova Velha Sabedoria:
- Conhecimento é Poder - O Poder corrompe Logo... - O Conhecimento corrompe Mas o que este silogismo se atém ao título desta nota da Sinfonia Divina: "Acerca do Amor Verdadeiro"? "ainda que falasse a língua dos Homens, ainda que falasse a língua dos Anjos, SEM AMOR EU NADA SERIA". De que valem os conhecimentos acumulados? Eles embotam a mente e a destroçam, Cedo ou Tarde (demais...). Conhecer é separar, discriminar, julgar. Quem julga e separa perde. SEMPRE. Cognoscere é co-romper, romper juntamente com algo, e o que isso quer dizer? O conhecedor precisa separar, e isso é perder a Unidade Ilimitada (DEUS). Se olho uma Flor, e digo: "Flor", eu acabei de perder a Verdadeira Flor com toda sua textura, simplicidade, fragrância, enfim, perdi sua Unidade. Quando digo "Flor", destaco-a de Tudo que É Não-Flor, separo-a de Tudo no Uni-Verso e fecho a ideia "Flor", e se perde sua interconexão com o Todo que é o Nirvana, a imersão na diluição do Ser, porque Tudo está interconectado (pesquisar Campo Akáshico, Teoria do Caos, Teoria da Complexidade), perde-se em suma, à Flor que está Sendo em frente a mim, e Sendo somente, e tão somente, porque EU SOU, e ela É por meio do meu aparelho biológico (corpo físico). A Palavra é uma ferida no Campo de Con-Sciência, ela tem de frear o fluxo perpétuo de Tudo para criar uma ideia. Isto é um Trauma, uma pancada na Psiqué, que agora terá de levar uma Vida, ou várias, até se purificar. E tem como Ser diferente? Sim, voltar à Visão virgem desta Flor, e nela apenas amar irrestritamente o que o Uni-Verso levou (isso é controverso) por volta de 14 bilhões de anos para chegar a essa forma, e você para a contemplar com este corpo que lhe é possível. Como pode uma criatura de tamanha arrogância se separar, julgar, destruir o Único Instante da VIDA? Conhecer é querer encaixar o Velho ao Eterno Novo. O Rio É impermanente. "não se entra duas vezes no mesmo Rio", e se aceitarmos o Cor-Ação desta frase em sua lucidez profunda, sequer conseguimos entrar pela Primeira Vez, porque a transmutação do Rio e do conhecedor É a todo Instante. Perpetuamente impermanente. Por isso o SER É UNO, por isso os Místicos Iluminados sabem e não conhecem. Saber é amar, conhecer é se perder. E muitos se perdem pelos conhecimentos mefistofélicos, perdem sua criança para além de Bem e Mal. Por isso "sejam como esta criança no Reino dos Céus". Conhecer é perder Deus, é perder a virgindade de TUDO que agora É. Isto É o Amor verdadeiro, quando o conhecimento todo acumulado se foi, e Tudo pode ser sem julgamento, sem separação, sem Passado... Tudo transmuta neste único Instante perfeito de DEUS. O Rio sobe, desce, lava, consagra, inventa caminho, contorna, molda, escava, investe, permite... Mas no Jamais empaca, Jamais para completamente, mesmo quando parece ao formar um Lago... Se esta nota parece obscura, talvez Herakleitos, ho Skoteinos tenha sido incorporado, mas para aqueles que compreendem a Clareira do Ser, vêem a Verdade sem travar, porque a Verdade é a qualidade do ver, desse ver virgem, sem a trave nos olhos... Travar é querer o Passado, algo trava e diluí a verdadeira Visão. Deus conhecendo Tudo, não quer que o Homem conheça (e aqui está o Pecado Original), porque afinal de contas, Ele conhece Tudo, porque pediria isso dos Homens? Isso é irrelevante para Ele, o que realmente quer, É AMOR. Por isso, acumular uma enciclopédia nos ombros, se não se juntar ao Amor (e assim virar SABEDORIA), será um fardo completamente desnecessário. O conhecer rompe o Elo Primordial, e aí os Homens precisam correr para as Religiões com suas frágeis liturgias na Busca de uma religação, porque perderam Amor, perderam Deus em sua mais Pura Essência. Conhecer é romper o Rio, perder a Flor, querer encaixar no Novo o Velho, o que é impossível nesta transmutação impermanente que flui Tudo que É... Por isso do Amor Verdadeiro digo: - Veni vidi vici - Uma gota de Amor derruba uma muralha de Ódio Uma das frases gracedo de Cor-Ação meu Amor Terreno (Érica)... Termino esta nota com um Poema do Horizonte: As Luzes no Chão também São a Constelação do Último Deserto
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Adoramos o Cavalo e sua Imponência, como não ser imponente ao cavalgar um Mangalarga Marchador? Até os Deuses devem se sentir invejosos de ver esse Espetáculo que é cavalgar com Girassóis no Caminho e deslumbrante e extasiado com a União Mística entre Cavaleiro e Cavalo. Porém, como pode medrar a Sabedoria na Imponência? A Sabedoria é se recolher quando todos gritam, a Sabedoria passa e não deixa rastros. "E você, maudit Poète d'Horizon, que tanto escreve, e com tanta Imponência por vezes, por que não anda sem deixar rastros?", pode o Leitor questionar... Porque essas Palavras não são sábias, são Palavras... Porém meu Andar e Mãos são como a Vertigem de Uma Flor, ou até a Sabedoria do Burro... Do Burro? Por que na Escola chamamos alguém com certa deficiência na apreensão de algum conceito que querem que se saiba (ou seja, não é algo que a Criança/Jovem realmente quer incorporar, ou não pode naquele momento) de Burro? Qual seja, o chamar alguém pejorativamente de Burro, condiz com a sapiência absurda do Burro? Sabedoria, e todo Verdadeiro Sábio assim o sabe, é passar sem deixar rastros, e como um Animal, extremamente adaptado ao seu meio, que fica a maior parte do tempo "empacado", quieto, sereno, ruminando, silencioso, sem incomodar tanto os demais (embora isso seja Impossível para quem sabe da Teoria do Caos e da Complexidade, afinal, Tudo É Um), e que serve (é um Animal servidor, que sobe Colinas, Montanhas com pesos imensos sem reclamar e aceita muito pouco em troca, por vezes só a Comida...), embora não sirva tanto para se pintar um Napoleão ou um Pedro I, afinal, pega mal para a Imponência... Mas quem realmente se importa com a Imponência suntuosa dos "Templos de Salomão", ou os "Taj Mahal"? Quem se importa com jatinhos e BMWs? Um maudit Poète, ou um Executivo, Autoridade e os Donos do Mundo? A Mula (extremo maior da Sabedoria), cumpre mais ainda à risca a máxima de "não deixar rastros", porque sendo híbrida sequer pode gerar descendência. Ela nasceu para servir. Cumpriu a que veio? Parte sem uma lágrima. Gerou Dinheiro (Religião última dos espertos e inteligentes) para os Exploradores, e nem ligou. Gerou Travessias inteiras de Montanhas, Colinas e Vales, e também, nem ligou... Festas foram possíveis, novas formas de Vida, complexos sistemas de Escravidão, Colheita, Mineração e Extração, e ela nem ligou... A Mula, ou o Burro, é que são Burros? (Leitor, por gentileza, leia "Gimpel, o Bobo") A Mula empaca quando quer, e não liga para esbravejos, xingamentos, palavras ofensivas, esporas, ou seja, não importa o que digam Dela, Ela vai parar no Onde e no Quando quiser! Embora saiba andar para não se machucar desnecessariamente quando o "dono" é mais bruto que o Sábio Animal... Enfim, veio, vive Uma vez, cumpre em completo Silêncio seu Destino, e se retira sem Uma Palavra. Sequer deixou rastros de descendência. Ou seja, seu Nirvana é perfeito! Serve, silencia, rumina, e nem deixa rastros visíveis para os incréus! Sabedoria exemplar! Aliás, permite Napoleões, Dom Pedros I, porque embora na Pintura estejam Cavalos empinados e esvoaçantes com suas crinas e patas imponentes, quem realmente subia os morros e colinas nas guerras, eram as "Burras" Mulas, que agüentam o tranco, agüentam a Montanha, mais que qualquer Cavalo de Raça e seus "Puros Sangues". A Mula permite a Opulência assim como a Pobreza extrema, e nada disso A abala! Permite ser Escrava sem reclamar, porque sabe no seu mais fundo profundo que sua Liberdade NÃO depende do que Dela dizem, e sim, da sua ruminação paciente, da sua atitude "empacadora". Mas a Estupidez continua, embora, tenha lá sua Arte também o Cavalo. Mas como diz um também Sábio e Antigo ditado: "Prefiro Asno que me carregue, que Cavalo que me derrube". Vou seguir empacando quando der...
Para finalizar esta Postagem, Dois Poemas do Horizonte: Mistérios maiores Tenho em Mim todos os Mistérios e mais alguns Que destronam Imperadores e levantam Castelos Ontem o Sol Negro foi bem maior que o Eclipse Na Vertigem perfeita de quem nasce Não há esconderijo para quem vê Nem isolamento para quem toca Pois o Último vestígio é o Primeiro de quem percebe Nesse Campo de Lembranças que quase esquecemos E damos por Nome de Vida Invenção de um Jardim no Espelho do Invisível Quando Tudo recai dizem sobre soldados Que a Tropa é a Vergonha de quem luta Mas na Verdade nem há Tropa ou Vergonha Mas para isso somem Caminhos E se lançam novas Pedras pela Estrada empoeirada De uma colina que no Nunca sobe... E quem isso viu, assustado Realizou que nem o quem realmente existiu... Raiz última sem Nascimento O Imperador nasce no tiro escuro De uma proteção totalmente especular Onde nascem também Sóis desprovidos Na sacra simplicidade de um lugar Tudo é menos que Nada Mas ainda há chance e muita Verdade No Rosto de Deus Sou Seu riso e Jardim Último resquício dos passos Onde se aloja um quarto e a inteireza do Sábio Que sabe passar sem os Pés... Porque seu Império É bem Além do Além Raiz de Tudo que chamam de Luz... A Mãe é a permissão dos Anjos para que nasçamos. Nela, ventre último deste Planeta (A Terra, feminino que nos abarca), somos gerados e permite nosso mais acabado e perfeito Destino. E para este dia que se celebra à Ela (embora ache estranho celebrar um único Dia para quem permite a Vida deste Planeta), darei mais um Poema feito em Outro Horizonte:
Mãe É o embalo da Tarde que permite a Vida É carregar no seio da Vida a própria Vida Fazendo dos meses seu próprio Divino Enigma Seu sussurro é o conto de todas as Fadas e Deuses Porque no Último Instante, primeiro de quem nasce Faz de Tudo maior a Celebração Sua gestação é o Sopro no Espelho de Deus E quando nisto se sabe e percebe, damos um nome Casca vazia para quem balbucia seu nome O mais indecifrável nas mãos de um bebê Que a única tradutora é aquela que nos carrega Sabendo fundo e ao fundo nossos mais imperfeitos hieróglifos Dos quais fazemos nosso Destino Nessa Terra que É Grande Escola Na qual a prova final é o Amor que chamamos de Mãe... Esse é um texto antigo, mas nem Tudo do Antigo se perde...
http://cafemusicaefilosofia.blogspot.com.br/2013/02/matrix-um-oceano.html Um Dia o Poeta acorda estarrecido com a Grande Verdade que descobre! E ela se revela em uma frase para os incautos:
O Oculto É aquilo que está à frente de todos e É invisível por anestesia... A última Palavra foi sugestão do caríssimo Bernardo Pereira Destino de Poeta não é coisa simples, mas como qualquer Destino, é regido pela Força Maior. De Dante, teve que passar seus três estágios por Beatriz. Drummond foi expulso de colégio por "insubordinação mental". Hölderlin acabou numa torre encontrando os Olhos de Deus. Este que vos (em voz) fala, teve um percurso enigmático, até a percepção maior e entendimento que a Graça vem da aceitação e do abraçar infinitamente o Instante que permite este Olhar. O Destino me levou o que eu durante alguns meses julguei que era Amor, mas Deus guarda tudo no seu Tempo aos seus filhos, e no lugar mais improvável frutificam Olhares que disseram tudo sem uma única palavra, e duas Almas se encostam, se encantam e se despem como instrumentos e veículos do Grande Amor. O Poeta nunca sonhou que este Amor existisse, e fosse encontrado na "Casa dos Loucos", para além dos julgamentos, lá se pode Ser sem que a Força julgadora possa se manter, apenas Ser como se É, sem máscaras por um Coração velado, que tanto vi até Hoje nos homens, por dinheiro ou outras vilezas e pequenezas das quais não participo. Certamente só lá a Alma pode ser despedida com tanta Força que apareçam a Verdade e o Grande Caminho. Os amantes que se desencontraram nessa Jornada, e desconfiam que o Verdadeiro Amor não exista, aguardem, pois onde e na hora que menos se espera, Deus dá sua Graça e mostra uma imensidão que parece coisa de filme, mas que Hoje o Poeta pode com toda convicção que Deus lhe permite afirmar: "Existe Amor Verdadeiro!". Hoje os passos do Poeta parecem levitar, e longe da Paixão e sim do Amor. As Mãos se tocam com o tamanho da cumplicidade infinita... Gracedido de todos os poros de meu corpo, faço esse agradecimento público, porque Poeta com Amor Verdadeiro é quase uma "contradictio in terminus".
GRACEDIDO UNI-VERSO POR TUDO QUE ME DEU ATÉ HOJE, E PRINCIPALMENTE ESTE AMOR... ALGUÉM QUE ENFRENTOU O DESALENTO DA DEPRESSÃO E PENSAR QUE ERA IRRELEVANTE ESTAR VIVO, DE REPENTE ENCONTRAR TANTO APOIO E AMOR SINCERO ENCHE MEUS OLHOS DE LÁGRIMAS POR ESSA "REDE DO BEM"... GRACEDIDO DE TODO CORAÇÃO... POETA GRACEDIDO É UMA POESIA MAIOR QUE AS LETRAS POSSAM DAR... Nas Mãos da Capela (À Érica) Na Capela da Magia em Mãos Duas Estrelas divinas encontram um Destino em Luz Os passos cantaram anéis sem despedida Mas não há fuga do Infinito Hoje a Voz recolhe o descanso dos anos Como se a Muralha do Império fosse o Amor O Amor que sempre pareceu a miragem perfeita Hoje é o riso vertido na distância de um telefone Os dois crescem em Olhos de Deus E sabem que o Caminho é firme, mesmo no inverno Mesmo que haja espera o Poema é a carta Que vem do Mistério de ainda existir... O que as Mãos tocaram Deus sorriu E não há engano mesmo para os Anjos Eles celebram e festejam no pensamento do sentimento O medo eclipsou e os rostos se abriram Os anos abriram sua fenda com a Força de um nascimento Porque agora, e só agora, nasceu a Unidade... De duas Estrelas que resolveram enfeitar o Mundo Para enganar a Sombra de seu próprio engano E a isso os dois sem querer no sem querer do Destino Abraçaram, para além da vergonha, um Olhar perfeito Que fez da Flor o símbolo maior Que nem os anéis em aliança chegaram a ver Porque quem ama com Força esconde a Passagem Abre-se pro Mistério e beija o sorriso Como se fosse o último a inventar o Tempo No Dia que não abraçaram o Peito inflamado Bem antes de nascer em Almas originárias Cantaram e riram, porque finalmente se reencontraram... Aprendi que o valor de um Homem é do tamanho de seu Silêncio, por isso vou falar: Dante atravessou o Inferno e o Purgatório para que Beatriz o conduzisse pelo Paraíso e o Meta-Paraíso, Início (Origem-ARKHÈ) real da História. Bia ("Eu vou convidar Anabia, eu vou... Eu vou pra Maracangalha...") deu as mãos a Dante, em uma Jornada heróica e com MUITO Amor con-duziu o Poeta pelas novas Veredas, como uma Índia, que sabe os passos da Terra, em olhar de graúna, lábios perfeitos em Mel, cantaram uma Manhã tão viva e resplandecente que os Pés ganharam Olhos, e os Olhos passearam com o encanto dos Pés de uma aleatoriedade de Destino... E haja Hoje Sangue... E Amor...
Guarani meu Guaraná Ter os pés nas Estrelas assim como os Olhos passistas Conduzidos por Bia num Metaparaíso Portal novo de Amor quase escondido de janelas Que num súbito despede e despe Dia e Enigma Com a Força única de um Sol nascente... O texto a seguir foi publicado no Blog "Enlaces Literários" em que a proposta do blog é escrever utilizando algo do elemento do texto do escritor anterior. O link da postagem vai abaixo:
https://enlacesliterarios.wordpress.com/2017/01/13/o-escuro-da-alma/ TEXTO NA ÍNTEGRA: Ontem velocidades impossíveis resolveram acessar meu caminho. Parecia minha mente, mas me confundi com um outro Deserto… Ainda sei o quanto posso passar entre pessoas sem ser visto, porque no fundo, é irrelevante nossa passagem, apenas um vento dentro de uma praia imensa, ou o rosto de um carvoeiro descendo imensidões. Nunca coube nesse Destino. Era o que podia dizer de mim mesmo, algumas vezes. Não que de verdade as palavras pudessem sentir a vertigem da Alma em fuga, ou de suas rotas mais obscuras, ainda há uma miséria para dizer nossos olhos, e isso poucos querem olhar com paciência em si mesmos. Eu fui um que resolveu olhar… Claro, há seu merecimento e sua loucura mais primitiva, como um ancião sem sabedoria na tribo mais distante. Quem olhou com carinho para o recanto deste Deserto, a que chamamos Alma, preferiu dar a algum Guardião, ou Anjo perdido na brisa do Destino. Eu resolvi olhar como a mim mesmo. Como pertencente do meu mais obscuro e glorioso. Como se o Anjo fosse a mim o meu maior Guardião das Lembranças. Como alguém poderia me roubar se eu mesmo sou o Guardião da Eternidade? Isso é o que muitos esquecem olhando para fora, buscando senhores, anjos e lunáticos que possam romper a frágil fagulha do que estão vivendo. Nisso não posso ceder. Ou retroceder. Dou a mim mesmo essa força absurda de querer vasculhar um caminho, ainda que podre, ainda que virgem e nunca visitado por uma Consciência. Dou a esse empenho minhas palavras mais escondidas. Dou a essa tarefa as horas que sequer tenho nessa Existência. Sou assim, dado a esclarecimentos. Muitas se declaram com os olhos pela poesia que devasta, outras pelo senso de humor, outras pela candura. Nunca vi uma que se rendesse à Alma. A esta dedicaria até minha morte impossível. Uma o considera lunático, um assassino em potencial, esconde sua verdade maior dos olhos alheios, e aí tudo se clarifica o quanto devemos caminhar sozinhos. A crise é a ponte maior, que desperta caminhos mais lúcidos. Resolvi abandonar a estupidez com a mesma força que se abandona seres em hospitais psiquiátricos. Dessa força conheço. É algo que queima, faz fogo e despeja as cinzas como uma maré depois da manhã… Resolvi adentrar o mais Escuro da Alma, e para isso, acreditem, não há Guardião, Mensageiro, Ladrão, nada que possa reverter nossa estupidez inicial de ter esquecido o Amor. Sim a velha palavra que todos amam e ninguém a pratica… Por isso desse relato selvagem não aparecerá mais essa palavra espúria ou dada a esquecimentos, porque é melhor esquecê-la nas frases, mas a viver nos olhos e mãos, com tamanha intensidade que mesmo o desprezo alheio, mesmo a incompreensão generalizada, mesmo uma nova reclusão, será apenas uma passagem para uma Vida maior, para uma Existência mais plena e sentida como a Verdade última de Tudo que existe. Quem se importa se hoje o pão estava ressecado? Ou se a dita pessoa amada lhe permitiu mais um punhado de dores novas? Quem realmente se importa de pegar a Alma e a levar para passear? Se essas respostas roubarem um suspiro mais acelerado, ou um esgar no rosto adoecido, talvez haja uma chance, ainda que mínima, de escolher pelo caminho do crescimento. Hoje envelheço, como Tudo que acredita no Tempo. Mas como busquei mais profundamente meu olhar mais despido, minha esquina mais nua, minha primavera mais deserta, posso dizer com extrema alegria o quanto é bom. Sim, é bom… É bom quando se corre a estrada em lágrimas por uma ninharia de sentimento, mesmo que o dia esteja convidando a sorrir sua luminosidade perpétua. É bom quando avistamos um cachorro reservado a longas horas de rua nos abanar o rabo com suas últimas forças. Ou o sorriso da criança que mal sabe que um dia irá estar na cama nua e amarrada em nome de uma explosão de emoções. Quem gostaria de ver tudo isso? Hoje, acordei com a Alma escancarada. Pela porta da frente vi dois homens. Pareciam simples. Andavam como se adivinhassem meu maior medo. Não disseram nada. Nem podiam… Dei-lhe as mãos e eles perguntaram com extrema inocência, algo que até esse momento não pude compreender totalmente: “- Você aceita?”. E respondi com a prontidão de um guerreiro sem guerra: “- Sim!”. E foi com tanta firmeza que os dois sorriram se entreolhando, mas não era deboche como a antiga mentira da saúde imperfeita, era uma amplidão que surgia naquelas bocas. Sabia que agora estava entregue a uma rota tão desfigurada para os outros que se realmente tivessem visto aquela completude que hoje me foi permitida, teriam buscado uma arma o mais rápido possível para fugir da sensação escura e avassaladora… “- Nunca sentiu isso?”, perguntou o mais afável deles, e tive que me segurar para não chorar longuíssimas horas desta pergunta feita num modo tão gentil que me assustou. “- Não… hoje é a primeira vez…”. Então, como se o mais bruto e duro deles, mas com um sorriso tão aliviador quanto o do outro, buscou uma flor branca sabe-se lá onde, porque aquela visão onírica era desprovida de qualquer característica compreensível, e a trouxe com estas palavras: “- Tenha calma agora. Entregue tudo. Tudo. Tudo será renovado. Esqueça as palavras que teve até hoje, esqueça as vivências que teve até hoje, esqueça as pessoas que viveram contigo até hoje, esqueça! Esqueça Tudo!”. “- Vocês são ladrões?” perguntei meio atônito, e eles se entreolharam longamente, mas tão longamente e num semblante que me desesperou tão fortemente que vi o que vieram fazer… “- Agora descanse. Essa sua jornada é tão perigosa que precisará de todas as energias que possa ter…”. Quando acordei, estava na minha dimensão mais improvável. Tinha os olhos agonizantes, e mesmo assim sabia que era o melhor que poderia ter acontecido. Nunca duvidei. Vi o quanto estava despreparado até hoje para ir para esse escuro… O Homem carrega sua Luz. A Luz se veste de Homem para acender o Mundo. E quando os quartos escuros nos aprisionam, só é preciso lembrar, longe de qualquer sentimento, que somos a maior de todas as luzes condensadas… Vivemos por… Desculpem, me privei de falar a palavra esgarçada nesse retalho de vidas. Hoje, e só hoje, acessei minha perturbação maior, com a força de ter nascido novamente. Sem ninguém… Convém a um Poeta do Horizonte cumprir o seu mais destemido nome: Horizonte. Símbolo único do inapreensível e inalcançável (tente quando houver Dia e Plenitude em tua caminhada alcançar o Horizonte e verá levemente o que aqui é dito...), este Ser se coloca numa Morada, num local de postura existencial no qual alguns podem o ver, mas ninguém o pode alcançar. Por quê? Há certos entendimentos que colapsam nosso Deserto interior e fazem surgir um Oásis onde julgávamos o mais dolorido e pesado de nós mesmos. Pois daí surgem as Flores mais esplêndidas. São resoluções e posturas existenciais que balançam o equilíbrio desse Uni-Verso e sua rachadura do Destino que deveria ser o Silêncio de Deus. Todo Mestre sabe a Hora do seu retiro... Hoje decide o Poeta cumprir a que veio, criando uma cabana modesta nesse Horizonte que ninguém alcança. Hoje, e é Sempre só Hoje, o Poeta poetizou sua Nova Jornada. Um novo passo rumo ao Mysterion foi dado, e que as Musas celebram neste Poema intitulado com seu nome mais lapidar, com seu nome de Epitáfio e Nascimento, com seu nome antes de qualquer significado, antes de qualquer céu despojado de sua claridade ou nuvens, como o tecido mais imperfeito criando a mais bela manta que pode cobrir seu dorso Nobre e esbelto de galã do impossível, o que talvez diga muito de sua perdição por sendas inconscientes. Que se abram as portas do Poema! Poeta do Horizonte O Poeta se mantém no Horizonte Onde poucos vêem e ninguém alcança Seu rosto despedaça o Destino maior Seu sangue É o conforto da Luz Tua Morada é Tudo que pode Ser Eis um passo que escondeu o Jardim Mas isto, somente as Flores sem olhos podem ver Quem anda pro Eldorado perde o poeta e o pote sem Ouro É uma Nova Jornada de um caminho sem honra Pedido no perdido átomo esvoaçante Cabem Mundos ainda por recolher Seu Mistério contemplado como o Templo do Infinito Seu ruflar é intranqüilo porque despede manhãs Todas fumegadas na ilusão do Oásis Teu Deserto não cabe na foto desmanchada Tua Vida uma significância sem qualquer palavra Porque muito antes do Verbo de muito antes Há sons e espelhos fragmentados de olhos Quantos andarão por esses passos que revelam Um tanto de água e despedida? Quantos brilharão sua Jóia mais Eterna? Ou derrotarão a miséria impossível de desejar? Retalho imenso dessa Vida faz um tecido nublado Um frágil acontecimento entre o Nada e a Voz Como se a perpétua indagação fustigasse O cerne mais inclemente da odisseia menor Que é retornar casado e de mãos dadas Com a própria lembrança do Agora... Pois Agora apenas Olhos calmos e honestos poderão ver esse Novo Horizonte, esta Nova Jornada. Que haja Sangue! Que haja Vida! E muita despedida... Encarnarei as palavras de Nietzsche Agora, então que só me retirem da minha Solidão para oferecer verdadeira e boa companhia... Abraços poéticos-existenciais PS - Uma dica existencial para os ansiosos das Horas perdidas: Sabedoria luminosa é voar tão baixo quanto possível para que o vejam voar, mas alto o suficiente para que não o peguem... Mas se um arqueiro excelente o atingir e se cair desfalecendo que se sirva de alimento pleno dos tesouros que se recolheu voando perto e faça no Coração deste excelente um Jardim de Tesouros com a sua Grande Jóia Rara...
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Poeta do HorizonteAlguém que dos retalhos da Vida, retira olhares e sinceridades inauditas... Histórico
May 2023
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