O Poeta do Horizonte encontrou um novo Horizonte para repousar suas poesias e sua Alma, e esta Casa é morada da Grande Deusa que investe sua Verdade sobre todos nós... Eis a nova Casa:
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Grande Divindade, Deusa Mãe,
Sempre que seja possível que me permita infinitamente Ser E que eu possa amar por aqueles que não amam Que eu possa dançar por quem não ouve a música Que eu possa rir com suas piadas e ironias perfeitas Que eu possa sonhar o que nem sua perfeição desconfia Que eu possa doar uma riqueza tão imensa que nem caiba no mundo Que eu possa vencer não algum adversário, mas o pó que deixei cair em mim Que eu possa tocar músicas e corações com a mesma intensidade Que eu possa voar não no céu desenhado, mas com e nas almas Que eu possa alimentar não apenas os famintos, mas o que se esqueceram de comer Que eu possa dar de beber não apenas os sedentos, mas o que não viram a grande fonte Que eu possa adormecer quando nada mais do dia for possível Que eu possa cantar tão pleno de voz que as estrelas comecem a bailar Que eu possa criar mundos que ninguém percebeu Que eu possa ceder antes que a rigidez me quebre Que eu possa inventar destinos sinceros todos os instantes Que eu possa atar nós que pareciam impossíveis Que eu possa desatar o que o mundo esqueceu de esquecer Que eu possa sussurrar onde os ouvidos pedirem um pouco mais Que eu possa dar um pouco mais de carinho onde for deserto Que eu possa ganhar alguns minutos de um olhar sincero Que eu possa ofertar completamente o amor que recebo da Grande Mãe Que eu possa mergulhar não pela pérola já invisível, mas pelo toque da água antiga Que eu possa agora voar com suas mãos gentis tecendo as asas e puxando para o Céu Que eu possa viver sendo a Vida E mesmo que me esqueça ainda estarei aqui em olhos por tua Verdade E assim, em um último pedido, agradecer o que me ultrapassa e jamais terei palavras para dizer esse: Gracedido (Gracedido = Cedido pela Graça Divina) Algumas parábolas nos envolvem com múltiplos sensos de realidade e tocam o centro do Cor-Ação de Luz. Abaixo o vídeo da parábola da borboleta que se perdeu... Apreciem, há alguns entendimentos a serem esmiuçados... Gracedido de toda Alma Aprender os arcanos
do Horizonte Como se as veias dançassem os versos do mundo Como magos de um olho só cansado À espera do perigo completamente perfeito O ungido não tem rosto digital, mas deixa com dedos Suas pegadas de Caminho avassalador Seu perigo é Ser vivo que destrona impérios Inteiros com uma palavra porque sua lavratura é além Sua lavratura escapa à Terra pois foi escavada no Céu Ressoando apenas um Homem misto de sacro e desamparo Sabe que sempre soube seu último Enigma Tem nele não apenas a esfinge transposta no seio do Meio-Dia Pois esconde nele sua magia de encantar qualquer víbora Só Ele sabe, e mesmo assim não sendo Homem Tem sua Joia mais Eterna que não reluz e é Infinita Mais rara que a Turquesa ou Esmeralda Porque essa só vê quem fecha os olhos... Nessa escuridão brilhante pulsam veias do Horizonte Onde tem meus pedaços se apagando do Caminho... No restauro da Noite
meus passos são outros Firmes entre crateras da Lua e alguns Jardins Tecer dentre o Infinito apenas o Caminho É uma tarefa simples de Silêncio E quando se chega por fim É um imenso símbolo invisível... Perfurando montanhas
como um vento cansado Tenhos olhos por descascar os poros de alguma alma Dessas por esconder o tempo e algum amor sem verão Investido no rosto de quem sentiu Dessas pessoas como um sonho quase retroativo De eras e horas que escapam das ampulhetas E os calendários completos e sem nenhuma agenda Onde os horários são regidos por estrelas por morrer Como astrologia pervetida sem ascendente ou descendente Onde seus filhos marcam a terra pisada e bagunçada Os signos são de civilizações inúteis e invisíveis Pois da verdadeira bagunça resta uma vastidão Desta é que criou uma escola sem Destino Vestida sem as letras das roupas fingidas Ali outro encanto nasceu maravilhado com o fim De um signo jamais inventado porque era a Vida inteira Revestida do céu e da noite que jamais morreria Muito além de apagar o asfalto das estrelas Pois foi dela que fiz o meu último sorriso Como alimento perfeito do impossível... Quando o nascimento dos escombros
não for mais figura de linguagem Mas apenas pó, terra e o concreto esfacelado Um bebê inédito e rasgado na queda Esquece sem ter conhecido a mãe riscada e soterrada Num cordão desfeito, mas pendurado, arrastado e rasgado na vertigem Um laço maior acabado e sobrevivente na novidade Como se registrasse maior e para o mundo Que a novidade frágil vai resistir Os novos olhos concretaram a luz anterior da mãe Mas o resquício do amor soterrado criou sulcos A vida, como lembrete e maior que o pó Parecia a imagem de tudo que resiste A vida além da família e de tudo que poderia ter sido A vida além mesmo da sobrevivência ainda poderia caber enigmática As imagens que enovelam corações e sentimentos Não mais difusos e que viessem a salvar a distância do sofrimento A distância de cidades estremecidas muito além também da segurança da terra Os pedaços de prédios como símbolos sem guerra Como se a lembrar os sobreviventes da iminência da destruição Sem previsão inventando horas e caminhos partidos Não era mais sobre bebês e prédios Nem sobre salvações e salvamentos de olhares empoeirados É sobre a obstinada vontade de ter nesses olhos além do rejunte Que areia, pó, cimento e lágrimas cederiam ao horizonte das câmeras É sobre dar a mão a um corpo inteiro talvez que se pergunte se está vivo ou não Pois além dos cacos e fragmentos restam corações... Corações de quem lembrou para além de tudo que esfarela Ainda há sol e noite para pisar com alguma vida... Este poema surgiu de rompante após ver a imagem de uma bebê salva no terremoto da Turquia, mas que infelizmente toda sua família, incluindo sua mãe (ainda presa pelo cordão umbilical à filha) não resistiram. Essa imagem atordoou minha alma, e não posso à distância ajudar nos resgates, mas cedi meu olhar de poesia a essas pessoas, que mostram a resistência humana para além de tudo... Todos os dias somos cercados de pessoas, mesmo quando sozinhos. E não de um modo metafísico ou espírita, mas nos atos e objetos mais simples do dia a dia, estamos cercados de pessoas, vivas e mortas (não espíritos, que fique novamente claro!). Peguei-me olhando com êxtase e espanto para tudo que me rodeia, e todas essas coisas foram feitas por pessoas, direta ou indiretamente, se um computador não foi feito manualmente por uma pessoa, a máquina que faz as máquinas foi...
Enfim estamos rodeados de pessoas, em nossas memórias palavras e gestos de pessoas, nunca estamos completamente sozinhos, e dessa observação nasceu o poema abaixo: Dos que fizeram a vida Para todas as pessoas que vivem em mim sem saber As que me deram a madeira já perfeita na mesa Ou o gesso que não quebrou como os namoros que passaram Ou ainda as telas que mandam outras pessoas a mais Os que fizeram os pisos que ainda não cheguei a dançar Ou as paredes que alimentam com meu próprio sol Os computadores com elétrons da mais última ciência As carcaças plásticas que exumam os dias Os que fizeram o relógio que inventa a hora de acordar Os que fizeram os papéis e os ensebaram em livros cansados Os que fizeram os enfeites não pela pequena beleza, mas a salvação Os que fizeram até a comida que me engana da morte Ou ainda e até os mortos que viveram passando palavras Como se fosse um jogo sem juiz ou regra maior Não tenho a esperteza de todos eles Mas moro tão neles que há um alívio Pois mesmo na penumbra das horas e a noite calada Tenho a cama, também feita pela inteligência de quem nunca vi E nesse extremo anonimato vestido de casa e enigma Tenho as horas todas acompanhadas Daqueles que me amam sem jamais terem me visto Sou o resquício, último e verdadeiro companheiro desse mistério Que é estar sozinho e sempre acompanhado Do maior visitante que teria de chamar de vida... Um mendigo como símbolo. Não de uma proposta de vida única e singular, mas de uma nação inteira. Pedestres dançavam no desfile das pernas como uma brutal, insensível e visível indiferença. Mas havia um detalhe, um detalhe tão singelo que expunha uma nação ao seu momento de dorido sono e descaso. O mendigo fazendo de cobertor na cama improvável do chão duro e concreto a bandeira do Brasil. Era como se a própria nação na cena estivesse largada ao chão, e tentando esconder os dedos e cabelos já sujos acima do verde das matas mas sem ouro para brilhar uma realidade diferente. Nem o céu era azul para manter aquela cena, afinal, verão são as chuvas torrenciais que desmantelam casas ano após ano sem nenhuma novidade e com o mesmo descaso de sempre. Um homem anônimo e lançado ao seu descanso sobre a dureza e aspereza de estar no subterrâneo da vida. Não sei sua história, mas também por vezes não sei sequer a minha, o que sei é que aquela visão, aquela cena me despertou ao poético após longos meses sem escrever, e abaixo vem as letras que vieram sobre esse corpo enrolado na bandeira do nosso pais...
Bandeira de cartas marcadas Farmácia virou show-room de mais uma doença embalada Não sobra mais asfalto de colchão da pátria amada Como símbolo último a bandeira é coberta Como se o passado indigente tentasse ao menos descansar O sono é forte nas veias menos de sangue que tormenta Mas não uma tormenta tal qual dos mares Uma de silêncio e furiosa indiferença... A pátria se deita em um mendigo Não pela desgraça dos vencidos Mas daqueles que nem chegaram a jogar Porque infelizmente para ser vencido é preciso jogar Um jogo estranho de cartas marcadas E o coringa maior pode convencer e ter nome Antigo, encarnado e encantado pela sombra Da avareza dos instintos em descompasso Surgem regras petrificadas Nem se pensa na ressecada maldade indiferente Que parte como se fosse apenas um outro minuto Os passos nem pedem o chão como se fosse fácil passar Os olhos escancarados nem lembram ou revelam São enigmas partidos de uma existência sem pátria Apenas o concreto como travesseiro dos sonhos perdidos Como a sujeira e dedos na bandeira retrato De um mendigo símbolo de tudo que seria De um país que seria e se sujou e se cansou De um país que dormiu no asfalto esquecido... Envolto em situações, como posso medir o tamanho das nuvens? Queria ser do tamanho das nuvens, como se pudesse verter o único pedaço de vida que tenho pelos mares e caminhos absurdos, não com o receio e desconfiança da novidade, mas com o vigor e coragem de quem abraça o universo inteiro como sendo ele mesmo. Um dia serei o ápice da minha loucura, mas não uma loucura que desmancha e corrói, e sim uma loucura que permite uma visão estonteante que quase ninguém vê. Só que não por uma birra mesquinha de quem apenas quer se enxergar ou acreditar que é diferente, não, isso seria tolice desavergonhada, e não a tenho, quero os lampejos loucos de quem vê fadas e histórias fantásticas no meio da grama, ou nas formas quebradas de nuvens eriçadas entre a sua naturalidade de andar nas ruas de vento, e a completa desfaçatez de formar da água o branco que animam reis e ilusões de amantes de fim de tarde. Quem já quis ser a tarde? Com toda a pulsão, verter a tarde como a explosão do seu próprio caminho. Como se a tarde não fosse o semblante de despedida do dia, mas a destruição do nosso pequeno imaginário, trazendo a noite como algo único, mais que o mero absurdo de ter mãos e encaminhar olhos por aí. Teriam os olhos perdido essa novidade? E se eu criasse não outras histórias, porque no fundo todas as histórias já foram contadas, elas só precisam ser relembradas, nesse enigma perdido, mas sim outros universos que nossa mente sequer pode conceber, um universo onde a gravidade teria deixado de existir e por isso todas as partículas seriam diferentes, não veríamos cores, seria algo diverso nesse outro universo inimaginável. Mas que importa criar universos que nem sequer podemos conceber? Até onde a fantasia pode suplantar uma brusca realidade? Será que todo autor, poeta, artista vai para o impossível por uma deficiência de sabedoria e entendimento do real? Pergunto como alguém deficitário neste universo, sem muito entendimento, e acho que por isso enveredo pelas coisas fantasiosas e mirabolantes, teria que vestir meu enigma com meu pedaço de sangue, só para acompanhar as horas que se acumulam todas perdidas nos passos que nem sequer sei ao certo se dei. Afinal, para onde se vai no fim de tudo? Nem sei se digo outra vida, mas nessa mesmo, para onde se vai? Talvez os mapas sejam necessários, mas e se não formos a lugar algum, de que servem os mapas? Alguns, certamente mais desprovidos da alegria, costumam ver a vida como um "erro", mas se ela realmente fosse um erro, não existiria. Existe. Esse é o ponto. Não tenho ilusões, mas também não imagino se tudo não tivesse vindo à tona. Bom, à tona da nossa percepção. Talvez. Mas ainda assim está aí... Por isso gosto de fazer brilhar o lado escondido de uma vida maior, que na verdade todos partilham, mas a confiança nos pensamentos derruba essa grandiosidade da maioria... Percebi que não quero nem os enigmas, nem a realidade total, mas um misto de imaginações fantásticas com a sabedoria do olhar duro de pedra, como uma estátua que pudesse falar e dançar. Quem ainda teria espaço para uma dança de pedra? Quem teria espaço para um céu polvilhado de encanto e mistério, e que pudesse falar dessa loucura com a naturalidade de um pôr do sol? Ainda vou trazer um punhado de doces que alimentam não o gosto e voluptuosidade, mas abrem espaços nas ideias rotas e esfarrapadas para abrir outros desertos para as possibilidades que nem sequer desconfiamos poder existir, seriam doces que elaboram a alma e deixam um gosto de surpresa. Um dia viveremos a eternidade como o espelho do nosso deserto de rostos espantados, ali haverá uma chance...
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Poeta do HorizonteAlguém que dos retalhos da Vida, retira olhares e sinceridades inauditas... Histórico
May 2023
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