Gostamos muito das coisas que funcionam. Natural... É natural? Se assim for, o prazer e deleite com coisas que não funcionam tem de ser anti-natural, mas o estranho desse começo de divagação é que damos mais valor a coisas que aparentemente não funcionam, sendo o máximo do seu exemplo o Amor. Como funciona o Amor? Não funciona, porque não tem função alguma, ele é o esbanjar da própria Existência, da Vida, e assim é o prover da sua imensidão em um completo "desperdício" e até que sinta que deu tudo de si, continuará dando. Qual a função? Nenhuma, e se pensar em uma lógica de coisas que funcionam, o Amor é uma disfunção... As paixões humanas também, qual sua função? Também se prestam mais a uma disfunção... Por que um pintor se propõe a pintar um quadro mesmo sabendo que talvez não venda? Enfim, tudo isso para mostrar que as coisas funcionarem é um aprendizado, e nem um pouco "natural", e que a naturalização de que as coisas devem funcionar vem de uma lógica funcional, de uma filosofia utilitária do Mundo. E mesmo em áreas que aparentemente se resguardariam de "funcionarem", são medidas em termos de máquinas e coisas, como quando se diz: "Meu namoro não funciona mais", "Minha vida não funciona", "Minhas ideias não funcionam". Ou seja, há uma ideia subjacente nessas três frases de precisar alcançar um objetivo, e portanto se relacionar exige que algo seja alcançado, senão não funciona, a mesma coisa com a Vida, e para a Vida nenhum objetivo é posto por ela, ou seja, a Vida independe de qualquer objetivo, por isso como pode funcionar ou não funcionar a Vida? As ideias só podem funcionar com uma meta, se é preciso chegar a algo, e portanto a operação básica de torcer, distorcer, romper, criar ideias será para atingir um fim determinado, mas a ideia também nem funciona nem não funciona, ela entra nessa classificação porque precisa se adequar a um fim. E aqui, neste último exemplo é que começam os pesadelos e o ranger de dentes. Por quê? Como disse antes, naturalizamos o tratar tudo como coisa e como função, e portanto, precisam funcionar. Mas em que isso gera pesadelo e ranger de dentes? Se o homem ele mesmo, desde a mais tenra infância se põe a ser "deformado" (embora os adultos digam que estão "formando" alguém, e aqui a simbologia é clara, estão nesta pretensa "educação" pondo as crianças em fôrmas, e aí elas terão inevitavelmente de se adequar à forma) ou seja, ao invés da sua forma crescer naturalmente, elas são postas em fôrmas que possam a tornar utilizável e funcional para a vida, mercado, sociedade, igreja e tudo o mais. Se colocarmos sobre animais modos de direcionar seu crescimento, isso tem um preço fisiológico para o animal, e para o homem não é diferente, embora possa ser mais sutil. Queremos que os filhos se tornem adequados e funcionem bem na sociedade, mas da mesma forma tem um custo. Muitas pessoas perfeitamente ajustadas e funcionando bem na sociedade começam a sentir, umas mais cedo outras mais tarde, que apesar de estarem completamente ajustadas, algo nelas está desajustado e de certa forma "não funcionando". Mas a pergunta logo vem: "Está tudo funcionando em minha vida, casa, carro, filhos, comida, tudo certo, porém por que de alguma forma sinto que não está funcionando?", e a resposta é simples, porque funcionar não é toda a esfera onde vive um homem, e que ele foi amestrado, domado, domesticado para acreditar só naquilo que funciona, até a Vida render TUDO que funciona a ela, e logo perceber que há algo muito forte em si que está para além das coisas que funcionam, e aí se não houver estrutura para suportar que nem tudo deve e tem que funcionar, surge na pessoa uma disfunção, e é como uma falha ou um defeito que aparentemente é pequeno, mas como se trata de um "aparelho de precisão minuciosa", um pequeno defeito desregula absolutamente tudo! Por exemplo, uma falha mesmo que minúscula em um processador de computador, ou um relógio de precisão, a falha pode ser pequena, mas as consequências gigantes, e da mesma forma com a pobre pessoa que está começando a perceber e viver a disfunção, e pode ser uma disfunção de angústia leve à um transtorno mental grave, tudo porque ela não percebeu a dimensão para além do que funciona. Mas aqueles que não são funcionais, ou melhor, disfuncionais para o "aparelho" social, não estão em uma posição melhor, porque eles não se "encaixam" no sistema, e queriam se encaixar, serem aceitos, participarem da engrenagem que mói a todos. Qual a solução? Não ter problemas... Parece ironia, porém se trata de transcender os problemas, as funções e as disfunções. É possível? Sim... Começar a habitar o Ser que já se é, um lugar onde tudo se desfaz e nasce a Eternidade sem tempo... Enfim, não nascemos para funcionar ou "disfuncionar", mas para Ser imensamente com a grande alegria de viver.
0 Comments
No Nunca dizemos a alguém "se ocidente na Vida!", mesmo um pobre ocidental diz: "se oriente na Vida!", ou seja, volte-se ao Oriente. Como diz Gilberto Gil: "Se oriente rapaz, pela constelação do Cruzeiro do Sul...". E há uma razão tão fundamental a isso, que somente aquele que compreender essa razão (em boa Verdade, essa desrazão...), irá desvendar todo o Enigma e passará a viver o Mistério... Algo que a mente ocidental não consegue compreender (porque é o problema da mente) é que qualquer história a apazígua, mas não é a Verdade... Como assim? Toda história, é apenas isto, uma história. E uma história é uma história possível dentro de um Uni-Verso irrestrito de possibilidades. Nem tudo que faz sentido e apazígua a mente é Verdade (aliás nada que seja sentido pela mente É Verdade, toda estruturação que a mente faz é uma metáfora, uma aproximação grosseira para apaziguar o gigantesco véu de Mistério que recobre o Todo, e o Nada, e Heráclito sabia disso: "A Natureza (physis) ama se esconder..."). Vejamos um exemplo tosco. Seu amado (ou amada) vai encontrar uma outra amada (ou amado) dele (ou dela), e quando lhe encontra diz que foi ao mercado comprar frutas (ou qualquer outra história). Isso acalma e apazígua a mente do pobre enganado (que pediu para ser enganado, mas aceitar isso é aceitar o Mistério, o que à maioria dos pobres humanos é inaceitável, dizer que buscamos as experiências que nos ocorrem é inconcebível para alguém sem auto-conhecimento, mas lembrai: "Conhece-te a ti mesmo"), e como ele sequer despertou sua sensibilidade e o Cor-Ação, e está tão imbuído e perdido na própria mente que sequer sentirá o que o Cor-Ação sabe, mas sua mente não quer enfrentar conscientemente, porque terá de enfrentar demônios maiores em suas trevas internas. Uma história é apenas isso, uma história. Nem mesmo a história de que você é filho do seu pai e mãe, de que você tem um corpo, ou a história de que você tem um trabalho, nada de nenhuma história pode passar de uma história possível, dentro (novamente) de um Uni-Verso irrestrito de possibilidades. Como assim? Há a história de que você é a reencarnação de um espírito, e que seu atual "eu" é apenas a carcaça para expressar esse arquétipo que viveu em outro momento nesta Terra (ou fora dela). E é uma história sedutora, mas também, é uma história possível, não a Verdade inteira... Pelo menos ela já inicia a quebra de um "eu" sólido identificado com este corpo que nasceu de um pai e uma mãe, que tem suas "individualidades". É um início, mas no Nunca uma Verdade completa, novamente. Uma história, como algo para apaziguar o Mistério é uma metáfora grosseira, e sem Con-Sciência irá trazer mais perturbação que apaziguamento, porque a mente se perderá: "Como sou um espírito de outra era? Mas nasci aqui? Como assim?" e entrará numa espiral que pode desintegrar inclusive a sanidade do pobre coitado. Sem verdadeira Con-Sciência nada se atinge, e em Verdade, com Ela o NADA se atinge... Olhe neste exato momento que lê estas palavras. Onde está? Que história está contando a si mesmo? Quem acha que é? Pare a leitura deste texto, realmente investigue no seu mais íntimo essas perguntas, volte se e quando tiver uma resposta. Quando voltar, se a resposta for: "Estou no meu quarto. Sou empregado de tal empresa...", pare, você está travado no Uni-Verso acreditando e dando alimento para sua história e isso fecha outras possibilidades... "Estou na Terra. Sou um ser Humano...", pare! Um pouco melhor, mas está travado em outra história, um pouco mais elaborada que a primeira, mas historinha de alguém muito longe da Verdade, o que é um "Ser Humano"? Enfim... "Estou no Sistema Solar. Sou uma reencarnação de um grande Faraó...", pare, pare! Outra historinha, e os que estão buscando pela espiritualidade e se iniciam por essas "Vidas passadas", se não buscar realmente a Verdade, sempre será um Faraó, Napoleão, Alexandre o Grande, nunca, para esses que não investigam realmente, foram apenas um serviçal da aristocracia francesa, e nisso já se percebe que esta encarnação ainda está presa num padrão de Ego, porque como ela seria no passado "um simples" serviçal? Não se renasce sendo algo diverso do que se era, ou seja o atual padrão não foge do que se foi... O padrão da Con-Sciência não se perde dentro do Campo Morfogenético, apenas a historinha da mente, para tentar contar OUTRA historinha para entreter essa nova mente. Em termos computacionais, é um reboot (ou reset) no sistema, vamos ver se agora o sistema "não trava". "Estou na Galáxia. Sou um processo de aprendizado do ambiente que reuniu os elementos que tem para dar uma Con-Sciência e aprender o máximo possível do ambiente para criar algo novo, para criar e compreender. Sou isso.", deixei este arquétipo falar porque nele se encontra a semente da liberação final, os outros nem vale ouvir muito das historinhas (embora o Mestre por compaixão escute a litania, e de Cor-Ação... acredite, para uma Con-Sciência verdadeira, há muita compaixão em ouvir historinhas, ainda mais as que ressoam o chacra base...), porque se o intuito do leitor é aprofundar a Con-Sciência, as outras não ressoam um padrão (arquétipo) muito promissor para Ela... Mas esta última historinha tem a semente, ela está engatinhando em algo muito maior, está dando os primeiros passos, aprendendo o "be-a-bá" de um grande Criador. Esse irá buscar o Espelho Maior... Dele se espera algo promissor, embora esteja se iniciando, e ainda crê estar numa Galáxia, e ser isso ou aquilo... Ainda conta historinhas... Elas são fantásticas, acredite, sem historinhas seria difícil para a Con-Sciência re-lembrar no Campo de Léthes sua verdadeira A-LETHÉIA, mas ainda assim é uma estrutura dentro do possível, e o Uni-Verso é o campo do imenso (im)possível... Mas enquanto este Sol não nascer no Buscador, seu processo de aprendizado será fascinante, terá atenção aos detalhes mais sutis e incompreensíveis para os ansiosos e perdidos mentais, será uma Jornada, estará pronto para qualquer desafio, dará risada dos "fracassos" e chorará os "sucessos", porque sabe o valor imenso de um tropeço, e que as Pedras do Caminho é que dão a chance de fazer com elas o Castelo do Criador. Todo Sábio constrói onde parece impossível, pega as Pedras e faz uma Pirâmide, pega os Espinhos e faz uma fina Agulha, faz da Queda o Trampolim para o Chão, e ao se levantar faz o seu próprio Céu. Criador perfeito, Deus último e primeiro de Si mesmo... Não anseia, porque Tudo está Nele. *Pense, leitor atento, se Deus está em Você, se o Infinito está em Você e há verdadeira com-preensão e Con-Sciência, Você contendo Deus e o Infinito é Maior que Eles...* Este Sábio ao ver minhas perguntas daria uma risada tão gigante que ecoaria a Vertigem de todo Uni-Verso (e os Multi-versos sentiriam também...), porque sabe (não com a Mente, fique claro, mas com a Con-Sciência) que qualquer pergunta induz à historinha, à metáfora, à simplificação do Mistério, e que a melhor resposta para QUALQUER (leia bem, leitor) pergunta é o Silêncio (ou a Risada se não houver Ego no questionador...), mas que os pobres perdidos mentais vão induzir como "estupidez", ou "ele não sabe, por isso ri...". Buddha ria silenciosamente, com um sorriso tão enigmático quanto afável, porque não era "estupidez", nem "não saber", pelo contrário, como ele sabe e viu a Imensidão, o Abismo, a Amplidão, ele não tem como falar disso... Não é por incompetência, é por impossibilidade daquele que questiona, a Con-Sciência do que pergunta não tem como alcançar... Como se explica o Azul para o cego? Há um meio? Sim, mas certamente não é por uma metáfora grosseira de simplficação do Mistério, e o que os "ouvintes" e "espectadores" estão vendo como silêncio, incapacidade ou estupidez de Buddha, ele está transmitindo a verdadeira resposta daquela pergunta de uma forma muito sutil, e acredite leitor, com o tamanho da compaixão de um Buddha, ele não deixaria o questionador aflito e sem resposta, mas ele não tem ainda a sutileza para sentir a resposta, embora esteja sendo dada... Na Verdade, o questionador sente a resposta, porém não tem como a tornar naquele Instante em Con-Sciência, pois está inconsciente do Mundo Sutil, e sua mente reage com agressividade e este saí dolorido por dentro porque não viu Buddha da Verdade. Verdade é a qualidade de Ver. Ver não se atém a Olhos... Então, eis a chave-mestra para qualquer resposta que fizer a Si mesmo: Con-Sciência. E quando o Criador nascer, ela se tornará CIÊNCIA, e aí a verdadeira brincadeira começa... Mas isso, somente um grande Ouvido de Entendimento poderá alcançar... Analise qual foi sua verdadeira resposta às três perguntas acima... Se meditar sobre, o que parece um mero joguinho de linguagem, "Onde é o Onde do Onde?", se realmente meditar sobre essa muito aparente brincadeira, entenderá o que é verdadeiramente se orientar na Vida (e na Morte)... Boa viagem! OBS - Os termos aqui usados não são o que sua Mente imagina, vá além de conceitos e palavras, leitor... Epitáfio do Poeta do Horizonte - Não me importa se me amaram, ou odiaram, EU toquei seus Cor-Ações... Quem assimila a Magia do Instante? Quem quer vasculhar o tamanho sincero do Infinito? Quem quer Ver além da Visão? O Caminho do Deserto mais vertiginoso é mais perto e longe do que parece... Darei nos próximos vídeos vislumbres das Portas que podem ser abertas no Caminho da Magia de se existir com Con-Sciência, e a partir daí infinitas (sim, infinitas...) possibilidades de estar neste Mundo (e em outros). Para os aventureiros da Con-Sciência e da Existência, venham com Mãos de Eternidade... Mas antes um Poema dedicado à Quiquinha: Moro na palavra perdida entre algumas Eras e nascimentos Na mesma Vertigem de um canto insondável Descanso a Eternidade com o mesmo semblante da Paz Porque navega nisso Tudo um Amor substancial Primitivo da Mulher que sente e me morde Como a Fruta mais capital tecida de Horizonte Fruta e Mulher no mesmo gosto De quem flutua a própria Vida... Aos atentos de todo Instante a Magia em Meditação (obs: são 2 vídeos neste Início...): Como a Ideia do Horizonte, para aqueles que não podem voar, é se manter no Sempre Horizonte, porque sua Vertigem é estar ao alcance da Visão (mesmo uma Visão estreita) e no Jamais se retirar dali, porque qualquer Passo no Caminho do Horizonte é fazer o Horizonte dar um Passo... Para trans-cender o Horizonte só voando mesmo, mas isso é para poucos (e acredite Leitor, não se voa em Aviões ou Drogas...), por isso os poucos iniciados que entendam os Mistérios dos Aforismas e Poemas do Horizonte abaixo: - Não im-porta o Livro, importa no Quem se lê - Quem adentra a Porta do Mistério no Jamais retorna (e perde seu Quem) - Dois Cor-Ações e UM Sangue - Um Abraço dedilhado no Uni-Verso - Todos os Olhos de Deus se apoiam no Infinito - A maior parte das pessoas prefere um Inferno conhecido, a um Céu desconhecido - O Oceano achou a sua Gota... ("What you seek is seeking you") Sem Dia Vejam a Grande Verdade! Deus desperdiçando sua Gota de Silêncio Vertigem dos Últimos Olhos Impressionam o Deserto Quem responderia a Voz mais noturna no Além da Noite? Ou a Vergonha de Tudo que sente? Ainda haverá Passos sem Caminho Quando Deus crescer sem Dia... Deserto de Lágrima A Lágrima que seca é mais que o Rosto Como o Som É mais que Deus A Voz faz imponência num Deserto estremecido Outro Destino acolhe Outro Herói Porque vencedor de Batalha nenhuma Ouvinte maior do Impossível Conduzindo mastros e Oceanos Em UM Dedo Respira o Infinito sem sequer ofegar Ofertando a Eternidade como migalhas do Instante O Oceano se torna uma Única Gota Que secou bem depois do Rosto... Pergunta malevolamente Divina Deus perguntou em Sussuro: "Cadê seu Ninguém?" Tive de sorrir de lado: "Como responder se seu sumiço é Maior que qualquer Destino? Que Voz diria a Festa invisível do Eterno? Não há Quem para esse Último Canto que ficou também sem um Canto pra se esconder... Mas como Você ouviria esse Silêncio Perfeito? Onde? Não tem Onde... Por isso esse "Cadê?" É mais insidioso que seu Ninguém Nele alguns caminham mas fora do Onde ainda não achei Ninguém..." Do Caibalion (Kabbalah) que Cai Cai diariamente frente aos nada sutis Humanos como Balão sem Santo, retiro esta bela máxima que ressoará em algum Entendimento: "Os lábios da Sabedoria estão fechados, exceto aos ouvidos do Entendimento" Se estes Lábios escritos ressoam no seu Entendimento, enfrente o Chamado... Como percebi estes dias, as pessoas se ligam a Assassinos, Corruptos, Bandidos, Poderosos, porque dele podem extrair alguma Migalha que por ventura cair das suas nababescas opulências materiais, a MIM só aqueles dispostos a perder Tudo e ganhar o Eterno NADA de Deus... PS - Se algum Leitor achar meu Oceano, por gentileza navegue até eu voltar a Ser Gota, porque de tanto me perder, naufraguei em mim mesmo, e Agora só chovendo depois de mim pra tornar a Gota maior que o Oceano... PS2 - O Vídeo abaixo suscitou esta postagem: Sabe o que me parece estranho? Se é sabido e conhecido, principalmente pelas elites (será que são realmente elites? elites verdadeiras conduzem e abrem caminhos) técnicas de meditação, relaxamento, visualização, enfim, essas várias técnicas para serenar a mente, trazer paz, maior empatia pelos demais, maior força e energia de vida, maior facilidade para comunicação e compreensão de necessidades, eliminação de sofrimentos e ansiedades, enfim, tudo isso e mais um pouco, por que não é ensinado isso para nossas crianças nas escolas? Não há aula de educação física? Por que não tem aula de educação mental? Talvez isso já revele muito de nós, que cuidamos incessantemente do corpo, de emagrecer, de termos saúde física, mas não cuidamos do centro da nossa Vida que é a nossa mente? Quando um trauma sobrevier, uma emoção muito forte e incontrolável, ela não perguntará se você puxou 100 kg no supino, ou se nadou duzentos metros a mais que na semana passada. E justamente o que alivia as pessoas na atividade física é serenar a mente! Todas relatam que quando se exercitam a cabeça pára de pensar nos problemas, os tormentos diminuem, há um alívio geral. Pergunte para quem joga futebol, vôlei ou qualquer outro esporte se enquanto estão imersos em suas práticas esportivas se há algum problema ocorrendo, se eles estão pensando na conta que não foi paga, no namorado(a) que brigou, no vizinho que gritou de manhã, no motorista do ônibus que foi grosseiro com uma idosa... Não... A mente descansa de sua tormenta e se entrega em foco ao esporte. A lógica é "mente sã, logo corpo são", e não "corpo são, logo mente sã". No fundo é o cuidado da mente que traz bem-estar nas práticas esportivas. Isso é meditação. Serenar a mente. Criar um foco de silêncio calmo e tranqüilo na mente. Então vamos continuar sendo esses ocidentais atormentados, tendo de nos recorrer de psicólogos e psiquiatras até quando? Por que essa discussão e idéia ainda não foi lançada de tão óbvia e simples que é? Meia hora de meditação por dia já diminuiu em vários estudos (http://veja.abril.com.br/noticia/saude/pesquisa-comprova-meditar-alivia-ansiedade-depressao-e-dor-cronica/ e http://envolverde.com.br/saude/saude-mental-saude/meditar-pode-proteger-o-cerebro-de-transtornos-psiquiatricos/ e http://veja.abril.com.br/noticia/saude/meditacao-ganha-enfim-aval-cientifico) transtornos mentais considerados gravíssimos e "irrecuperáveis". Por que cultivamos crianças nervosas, ansiosas, cheias de apetrechos tecnológicos sem consciência corporal, emocional e mental? Aqui se abre outra discussão de medicina, que o Ocidente aos poucos começa a enxergar e poucas pessoas conscienciosas estão abrindo caminho, que é a interpretação de "doença". Explico. Você está com dor de cabeça, um médico ocidental ouvirá sua queixa e lhe prescreverá uma aspirina, correto? O médico oriental (e estou sendo simplista aqui, há diversas escolas e vertentes dentro das escolas orientais, Ayurveda, Medicina Tradicional Chinesa, e outras) irá começar de outra forma, vai olhar o paciente e perguntar: "Quem é você? Conte sua história até chegar à minha frente. Sem saber quem é você nada posso lhe ajudar...". Ou seja, a dor de cabeça para o oriental é uma disfunção completa do corpo e da pessoa, não apenas "da cabeça", como nós que dividimos o corpo inteiro e nos dedicamos aos sintomas sem resolver a raiz de qualquer problema. Então damos aspirina, a dor alivia por hoje, mas o que causou a dor continuará e dia ou outro voltará. Fazemos como alguém que vê uma rachadura em uma parede ou muro, e ao invés de arrumar a estrutura, de reformar a parede inteira ou o muro inteiro, nós apenas passamos massa corrida sobre a rachadura. Hora ou outra a parede ou muro terá problemas mais graves, e todos sabemos disso, porque a rachadura é indício de má construção, ou terreno que cedeu, ou material ruim, enfim. Não sou estúpido de negar a medicina ocidental, mas a interpretação e abordagem precisa mudar, porque não estamos recuperando a pessoa, mas sempre em busca de aliviar e diminuir o sintoma e o que não é o verdadeiro problema. Àqueles que se preocupam com o bem-estar daqueles que amam deveriam pensar um pouco mais nisso... Voltando à mente, cultivar uma criança serena a fazer uma prática de trinta minutos por dia para torná-las melhores para elas e para os outros, é melhor que remediar adultos insones, transtornados, se refugiando nas atividades mais sem sentido para preencher nem sabem muito o que e quando se sentem vazios não podem e nem tem como compreender o que estão sentindo para assim recorrerem a psicólogos. Posso estar criando polêmica, mas pensem aqueles que quiserem a respeito. É preciso ensinar as crianças serenarem suas mentes, ainda que o pensamento estrutural seja "para uma economia capitalista melhor", porque serão mais produtivas, mais inventivas, mais criativas, menos doentes física e emocionalmente... Enfim. As crianças tendo aprendido e fazendo todos os dias uma prática meditativa, farão como se estivessem "escovando os dentes", algo necessário que não se recorre a muitas justificativas do "porquê" daquele ato simples e banal do dia-a-dia. Isso precisa ser curricular, queria ter descoberto essas técnicas muito antes de ter passado por diversas situações que passei. E certamente em duas gerações teremos uma sociedade diferente, e creio que para melhor. E estou falando "laicamente" aqui, nada de misticismo, religião, Deus, deuses ou qualquer coisa. Meditação como despertar para uma mente serena. Que as crianças aprendam isso desde cedo. Sinto que vou advogar por isso daqui por diante. Que fique dito...
Vamos, falar de infância? Educação como estamos há milhares de anos acostumados preparam homens ou crianças? A pergunta parece tola e sem sentido? Pense um pouco. Para que você aprende somar 1 + 1? Os marxistas de plantão dirão que é para você se encaixar na estrutura social como mais um objeto de mercado pronto a ser reificado e ser um bom cidadão que sabe contar para que a economia flua bem. Há parcela de verdade nisso. Mas como li recentemente, melhor uma mentira completa que meia verdade, ao menos a mentira completa é completa... Os matemáticos dirão, com base em sua arte, que é preciso abstrair e que a criança precisa criar pensamentos abstratos, senão nem terão como se relacionar com o mundo, ainda mais sem as bases para a civilização que criamos (computadorizada, planejada, edificada, técnica, higiênica, ...). Também há verdade nisso. Os lingüistas semióticos que a chancela do mundo sem os símbolos é impossível, como comunicar sem símbolos? (Obs: Perguntem aos amantes apaixonados se o que estão comunicando é realmente simbólico, mas não quero abrir mais discussões no momento). Enfim, cada área dará seus "porquês" infindáveis para que a criança saiba somar 1 + 1. Há algum problema nisso tudo? Aparentemente não, normal, sempre foi assim, qual o problema? A criança não quis isso... Esse é o problema... E + ducere = conduzir para fora. Conduzir para fora de onde? Dizem que para fora no sentido de conduzir para o mundo. Interpretação correta, e justamente por ser correta já começa o problema aí. Encaramos a criança como se ela nada soubesse, como se sua estrutura (física, biológica, como queiram chamar) fosse completamente inútil até você ensinar algo para ela, até você trazer ela para o mundo. Que interpretação grosseira, rasa, e violenta... As irmãs que foram abandonadas na selva e foram criadas por lobos e agiam como lobos, não tinham linguagem demonstram justamente que tinham linguagem e sabiam muito bem interagir com o mundo, mas seus padrões se tornaram os dos lobos. Se quiséssemos refundar mesmo a educação teríamos de parar de a chamar, por princípio de educação, mas de ducação, ou condução. Parece uma troca de termo tolo, mas isso já revela muito... Conduzir (do mesmo verbo latino ducere) é encaminhar-se com o outro. Conto uma história pequena que li certa vez das letras do Tião Rocha (educador fora da caixa como gosta de se classificar, que pega crianças, faz uma roda embaixo do pé de manga e abre uma discussão do que querem aprender, como será encaminhado, o que tem curiosidade de saber, e aqui começa a condução ou ducação, vejam a diferença), que um menino do interior nordestino jamais havia visto o mar. Seu pai conseguiu após anos levar o menino para ver o mar, que tinha visto por televisão e histórias, mas tamanho foi o deslumbramento da criança diante do mar, diante daquela imensidão em horizonte, daquela areia, de tudo que todos que se vêem diante do mar sabem mais ou menos o que digo sem qualquer palavra para descrever, aquele assombro foi tamanho que ele voltou correndo para seu pai e disse: "Pai, vem cá, me ajuda a olhar!". Entendem? Isso é ducação, isso é condução. Ajudar a olhar. Conduzir quando necessário. Se a criança um dia sentir vontade, realmente uma necessidade de somar 1 + 1 irá chamar um "adulto" (somos todos eternas crianças desgastadas e deformadas pelo mundo e a isso chamamos de sermos "adultos") e isso caso não consiga sozinha, porque as crianças são as verdadeiras autodidatas menosprezadas pela educação formal das "grades curriculares" (estamos presos no cárcere da mediocridade). A nossa educação é mais ou menos o seguinte, ninguém lhe pergunta se quer tomar certo ônibus, ninguém lhe pergunta seus anseios, suas vontades, então à força o colocam em um ônibus que você não sabe para onde vai e você vai porque foi obrigado. Levaram para fora de onde você estava, sem perguntas, sem sutileza, pura violência. Se você gostava de onde estava, isso é irrelevante para a educação. Você precisa ser uma máquina de memorização rápida e eficiente. E antes que os incautos argumentem: "Mas as crianças não sabem o que querem estudar. Se deixarem ao seu bel-prazer nem vão estudar, elas não vão gostar de estudar! Não gostam de estudar sozinhas, o que dirá por conta própria". Vamos com muita calma agora esmiuçar essa prepotência dos adultos ressentidos. A criança é naturalmente uma aprendiz. Se ela olhar uma máquina funcionando irá ficar extremamente intrigada de como aquilo funciona, e aí a partir de sua curiosidade irá realmente ir atrás, irá querer saber e mais que decorar fórmulas físicas e matemáticas irá pensar como aquela máquina foi pensada e projetada. Isso será instigante. Minha mãe começou a desenhar com seis anos de idade sem que ninguém obrigasse ela a desenhar. Por que ela se interessou por arte? Ninguém sabe, nem sequer ela. Aquilo fascinou seu olhar e nunca mais parou. Eu comecei a ler sem estímulo algum familiar. Escrever então, teria de fazer isso sozinho. Não se explica. Se dependêssemos de escolas e universidades para pensar e construir o mundo, certamente não haveria mundo, porque não havia escolas e universidades na pré-história. Não sou contra conhecimento, isso seria tolice e estupidez de quem passou mais de 12 anos atrás de livros. Sou contra obrigar alguém que não quer fazer isso ter que fazer isso para se "posicionar na sociedade". Se isso não toca aquela criança, o que se poderá fazer? Imagine se Machado de Assis dependesse das escolas, se tivessem matado o espírito de um Van Gogh nas academias... Acreditar que as crianças são tolas e estúpidas é de alguém certamente tolo e estúpido que se esqueceu de ser criança... Aí surge o medo: "Mas se não houver currículo obrigatório, como ficarão nossas crianças? Aprenderão o que quiserem, isso será uma zona, uma zorra completa, sem ordem, sem organização, isso não é mais possível! Você é completamente utópico!". Será mesmo? Será que os homens que querem controlar o pensamento não percebem que é impossível? Se eu estou aqui hoje falando isso é porque mesmo com todas as bobagens que falaram até hoje, com todas as regras, fórmulas, controles conseguiram deixar escapar alguém que resolveu pensar? É inevitável... E é isso mesmo, que seja uma desordem completa a Vida, para que essas crianças que sintam o amor pelo que queiram estudar, pelo que queiram fazer, façam brotar no Universo olhares diversos dos mecanizados e estéreis que estamos criando. Conseguem perceber? Essa "desordem" será mais ordenada que toda "ordem" e regra atuais, porque aí teremos verdadeiros pesquisadores, verdadeiros criadores, verdadeiros inventores, verdadeiros homens que encarnam sua existência sem que lhe digam que estão errados. Isso assusta? A quem foi doutrinado com certeza, porque aí o mundo que ele cresceu, todas as ninharias e irrelevâncias que aprenderam se tornam hoje completamente inúteis e isso é de angustiar qualquer um. Imagine quarenta anos pensando que é preciso ser PhD por Oxford para ser alguém respeitado por seus pensamentos, ver alguém afirmar que uma criança de oito anos pode ser mais inteligente que ela? Isso destrói todas as bases em que fundamos nossa triste história da educação... Ducar é conduzir, ajudar a ver, jamais impor uma visão "correta". Todos os sábios sabem disso. Ninguém pode falar do Tao. O caminho é estar caminhando... A criança já nasce caminhando sua existência. E todos os dias "educamos" nossas crianças a destruírem seus mundos "tolos", "infantis", "estúpidos", "inocentes", "não-escolados"... Vou contar outra pequena história. Uma professora pediu aos alunos que desenhassem qualquer história que gostassem sobre a Bíblia. De repente a professora pega o desenho do Joãozinho e lá está um avião com quatro janelas. Em uma janela está o Deus Pai, em outra o Espírito Santo, em outra está Jesus. Na quarta janela a professora vê um homem que não reconhece e pergunta à criança: "Joãozinho, quem é esta que aqui está nesta janela, porque nas outras eu reconheci, mas nesta não sei quem é este homem. Quem é?" e o Joãozinho com a cara mais honesta e sincera, com a inocência completa: "É o Pôncio Piloto, professora!". Vejam, a partir dessa resposta, podemos desdobrar muito, ajudar a conduzir a criança, alimentar sua imaginação, ou simplesmente rir um pouco e dizer o quão errada ela está em pensar dessa forma, porque na antigüidade não havia aviões e na verdade era Pôncio Pilatos que estava na Bíblia e ele não era piloto de avião algum... Enfim. Acho que se o texto encontrar eco e ressoar em um ou dois corações me sentirei satisfeito no mundo como hoje se encontra. Agradeço quem tenha se dedicado a pensar um pouco mais e chegado até essas derradeiras letras. Por uma ducação condutora, longe da educação que cerceia e mata os mundos "para o mundo".
|
Poeta do HorizonteAlguém que dos retalhos da Vida, retira olhares e sinceridades inauditas... Histórico
May 2023
Categorias
All
|