Envolto em situações, como posso medir o tamanho das nuvens? Queria ser do tamanho das nuvens, como se pudesse verter o único pedaço de vida que tenho pelos mares e caminhos absurdos, não com o receio e desconfiança da novidade, mas com o vigor e coragem de quem abraça o universo inteiro como sendo ele mesmo. Um dia serei o ápice da minha loucura, mas não uma loucura que desmancha e corrói, e sim uma loucura que permite uma visão estonteante que quase ninguém vê. Só que não por uma birra mesquinha de quem apenas quer se enxergar ou acreditar que é diferente, não, isso seria tolice desavergonhada, e não a tenho, quero os lampejos loucos de quem vê fadas e histórias fantásticas no meio da grama, ou nas formas quebradas de nuvens eriçadas entre a sua naturalidade de andar nas ruas de vento, e a completa desfaçatez de formar da água o branco que animam reis e ilusões de amantes de fim de tarde. Quem já quis ser a tarde? Com toda a pulsão, verter a tarde como a explosão do seu próprio caminho. Como se a tarde não fosse o semblante de despedida do dia, mas a destruição do nosso pequeno imaginário, trazendo a noite como algo único, mais que o mero absurdo de ter mãos e encaminhar olhos por aí. Teriam os olhos perdido essa novidade? E se eu criasse não outras histórias, porque no fundo todas as histórias já foram contadas, elas só precisam ser relembradas, nesse enigma perdido, mas sim outros universos que nossa mente sequer pode conceber, um universo onde a gravidade teria deixado de existir e por isso todas as partículas seriam diferentes, não veríamos cores, seria algo diverso nesse outro universo inimaginável. Mas que importa criar universos que nem sequer podemos conceber? Até onde a fantasia pode suplantar uma brusca realidade? Será que todo autor, poeta, artista vai para o impossível por uma deficiência de sabedoria e entendimento do real? Pergunto como alguém deficitário neste universo, sem muito entendimento, e acho que por isso enveredo pelas coisas fantasiosas e mirabolantes, teria que vestir meu enigma com meu pedaço de sangue, só para acompanhar as horas que se acumulam todas perdidas nos passos que nem sequer sei ao certo se dei. Afinal, para onde se vai no fim de tudo? Nem sei se digo outra vida, mas nessa mesmo, para onde se vai? Talvez os mapas sejam necessários, mas e se não formos a lugar algum, de que servem os mapas? Alguns, certamente mais desprovidos da alegria, costumam ver a vida como um "erro", mas se ela realmente fosse um erro, não existiria. Existe. Esse é o ponto. Não tenho ilusões, mas também não imagino se tudo não tivesse vindo à tona. Bom, à tona da nossa percepção. Talvez. Mas ainda assim está aí... Por isso gosto de fazer brilhar o lado escondido de uma vida maior, que na verdade todos partilham, mas a confiança nos pensamentos derruba essa grandiosidade da maioria... Percebi que não quero nem os enigmas, nem a realidade total, mas um misto de imaginações fantásticas com a sabedoria do olhar duro de pedra, como uma estátua que pudesse falar e dançar. Quem ainda teria espaço para uma dança de pedra? Quem teria espaço para um céu polvilhado de encanto e mistério, e que pudesse falar dessa loucura com a naturalidade de um pôr do sol? Ainda vou trazer um punhado de doces que alimentam não o gosto e voluptuosidade, mas abrem espaços nas ideias rotas e esfarrapadas para abrir outros desertos para as possibilidades que nem sequer desconfiamos poder existir, seriam doces que elaboram a alma e deixam um gosto de surpresa. Um dia viveremos a eternidade como o espelho do nosso deserto de rostos espantados, ali haverá uma chance...
0 Comments
Leave a Reply. |
Poeta do HorizonteAlguém que dos retalhos da Vida, retira olhares e sinceridades inauditas... Histórico
May 2023
Categorias
All
|